Data Centers Submarinos: A Nova Fronteira da Infraestrutura Digital
Por que submergir dados?
Com o crescimento explosivo da inteligência artificial, jogos online, streaming e computação em nuvem, a demanda por processamento e armazenamento de dados está atingindo níveis estratosféricos. Os data centers, motores invisíveis dessa transformação, consomem enormes quantidades de energia e água para operar — principalmente para manter os servidores resfriados.
É aí que surge a ideia de levar os data centers para debaixo d’água.
Vantagens
Refrigeração natural: a água do mar reduz drasticamente a necessidade de ar-condicionado e ventilação.
Eficiência energética: melhora o PUE (Power Usage Effectiveness), economizando energia.
Isolamento físico: menor risco de falhas por vibração, poeira ou variações térmicas.
Escalabilidade modular: contêineres submersíveis são fáceis de implantar em zonas costeiras densamente povoadas.
Sustentabilidade: integração com energias renováveis, como eólica offshore.
Desvantagens
Manutenção limitada: qualquer reparo exige içar o módulo.
Infraestrutura complexa: instalação exige embarcações, robótica submarina e engenharia naval.
Impacto ecológico incerto: aquecimento local e alterações no ecossistema ainda são pouco compreendidos.
Os 3 principais projetos de data centers submarinos
🇺🇸 Project Natick – Microsoft
O pioneiro. A Microsoft foi a primeira grande empresa a testar data centers submersos em larga escala, com resultados surpreendentes em confiabilidade e eficiência.
Ficha Técnica
Empresa: Microsoft
Ano de início: 2015 (fase I), 2018 (fase II)
Localização: Fase II – Orkney, Escócia
Estrutura: Contêiner de aço de 12,2 m × 2,8 m
Servidores: 864 servidores, 27,6 petabytes de dados
Profundidade: ~36 metros
Energia: 100% renovável (eólica, solar, mareomotriz)
Ambiente interno: nitrogênio seco, selado
Duração do experimento: 2 anos
Eficiência: 8 vezes menos falhas que data centers convencionais
Objetivo: testar confiabilidade, resfriamento, viabilidade logística
🇨🇳 Hainan Underwater Data Cluster – Shenzhen HiCloud
A China avança com o maior projeto em funcionamento atualmente, voltado para IA e Big Data, com eficiência energética extrema e foco em sustentabilidade.
Ficha Técnica
Empresa: Shenzhen HiCloud, Highlander e parceiros
Ano de lançamento: 2023
Localização: Litoral de Hainan
Estrutura: Módulo cilíndrico de 18 m × 3,6 m
Servidores: ~400 por cápsula
Desempenho: ~7.000 requisições/s (DeepSeek)
Potência estimada: Não divulgada oficialmente
Refrigeração: água do mar
Uso atual: 10 empresas (IA, jogos, simulações, pesquisa marinha)
Objetivo: atender demanda de IA e reduzir pegada hídrica/energética
🇨🇳 Shanghai Offshore Wind-Powered UDC
Uma proposta ambiciosa: data centers submersos alimentados por turbinas eólicas offshore, combinando alta tecnologia e energia 100% verde.
Ficha Técnica
Empresa: HiCloud + parceiros governamentais
Ano de implantação: 2025 (fase demonstrativa)
Localização: Litoral de Xangai
Capacidade: 2,3 MW (meta: 24 MW)
Energia: turbinas eólicas offshore
Eficiência energética (PUE): ≤ 1.15
Uso de energia renovável: >90%
Refrigeração: totalmente com água do mar
Status atual: em construção (estreia prevista para setembro de 2025)
Objetivo: tornar-se modelo nacional de data center sustentável
O futuro é subaquático?
Data centers submarinos representam mais do que inovação tecnológica — são uma resposta aos dilemas ecológicos da era digital. Ao transferir parte da infraestrutura para os oceanos, empresas buscam reduzir o impacto climático e melhorar a performance de seus sistemas. Mas ainda há um longo caminho pela frente: regulamentações, impacto ambiental, logística e escalabilidade são obstáculos reais.
Enquanto isso, o debate sobre o equilíbrio entre tecnologia e natureza continua subindo à superfície.